São já reconhecidos os efeitos do impacto do paradigma de desenvolvimento dominante, baseado na ideia de crescimento ilimitado (o aumento das desigualdades sociais, das situações de pobreza e de exclusão social), o reconhecimento da não perenidade dos recursos energéticos e os impactos adversos das alterações climáticas sobre os sistemas ecológicos, sociais e económicos.
Coloca-se, hoje, o desafio de construir soluções criativas e efectivas, que respondam de forma integral às necessidades locais e que promovam a liberdade e bem-estar do ser humano, sem colocar em causa o meio ambiente. A incerteza associada a estes problemas, a dispersão e insuficiência de conhecimento integrado e lacunas na investigação sobre respostas humanas às alterações climáticas, políticas de adaptação e outros problemas dificulta a tomada de decisão política e condiciona o sucesso das medidas preconizadas.
Em Portugal, existem diversas iniciativas que propõem valores e soluções alternativas ou complementares ao paradigma vigente. Porém, existe ainda pouco conhecimento sobre as mesmas, nomeadamente acerca das suas propostas axiológicas e das suas práticas, dos impactos alcançados nos contextos locais onde operam e dos processos de interacção que estabelecem com outros actores sociais. A viabilidade a curto e médio prazo destas iniciativas está fortemente relacionada com a sua sustentabilidade e capacidade emancipatória, e na sua capacidade em propor e concretizar soluções que permitam a Transição para uma cultura em alternativa à vigorante, nomeadmente, mais integral, ecológica e respeitadora da liberdade humana.